É a cerca de quinhentos e sessenta metros de altitude que termina o estradão e começa o acesso até à levada. Esta etapa é composta por uma série de degraus em pau de urze que serpenteiam vale abaixo até chegar à levada. Apesar do acondicionamento do trajeto a descida requer uma atenção constante por corresponder a uma zona íngreme e húmida.

Ao chegar à levada, existem duas opções: virando à direita poderá ir até à madre da levada (três quilómetros), e virando à esquerda irá até aos Lamaceiros (doze quilómetros).

Se a opção for deslocar-se até à madre da levada encontrará três túneis até o final, tendo o maior túnel uma extensão de cerca de duzentos metros. Deverá ter uma lanterna com luminosidade capaz de atravessar os famosos túneis escavados à mão que permitem o transporte das águas até ao seu destino, que neste caso é a Central Hidroelétrica da Ribeira da Janela.

No regresso, e após o nosso ponto de partida, basta seguir o sentido da água para manter a rota sendo que encontrará logo de seguida mais dois túneis, tendo o maior uma extensão de mil e duzentos metros. Uma verdadeira aventura que dá para perceber o trabalho de captação hídrica efetuado na ilha da Madeira. Deverá certificar-se que tem bateria suficiente na sua lanterna, vestir o impermeável e caminhar em posição de segurança com a cabeça ligeiramente inclinada para não evitar contratempos, pois a altura do túnel por vezes é diminuta.

No final deste túnel aproveite o pequeno largo existente para recompor-se da travessia. Esta zona é ótima para a observação de aves, sendo os mais comuns o Tentilhão, o Bis-bis e o Melro Preto.

Após o túnel de maior extensão, encontrará ainda mais sete túneis até ao final do trajeto, no entanto de curta extensão. A intercalar com as passagens pelos túneis está a floresta Laurissilva e as imponentes vistas de contemplação para os vales, que não o vai deixar indiferente. À saída de um dos túneis encontrará a casa de levadeiros. Os levadeiros são os homens que tratam da manutenção e monitorização da levada da Ribeira da Janela, profissão de risco, mas de relevante importância para o contexto hidroelétrico da Região Autónoma da Madeira.

É frequente encontrar diversas quedas de água durante o percurso, algumas das quais é obrigado a passagem por baixo das mesmas. São zonas emotivas e com alguma espetacularidade, mas que deverão ser entendidas como zonas sensíveis para o caminhante, pois correspondem a pisos escorregadios que necessitam da máxima atenção.

À medida que o fim do percurso se aproxima, a floresta Laurissilva vai perdendo densidade e as espécies exóticas vão assumindo destaque. O vale para a Ribeira da Janela apresenta-se como ponto de constante contemplação e as primeiras habitações começam a surgir por entre o verde da floresta.

Poderá a partir de aqui encontrar zonas de piquenique, compostas por bancos e mesas e um pequeno abrigo pertencente aos levadeiros que mantêm este canal.

A Vila da Ribeira da Janela torna-se cada vez mais próxima sendo possível ver o Ilhéu, as casas e os pequenos terrenos que descem pela encosta abaixo. Não deixe de olhar para trás para admirar as montanhas por onde desceu.

A levada termina nos Lamaceiros, junto ao Caminho da Fajã do Barbusano e a ETA dos Lamaceiros.